EMPREENDEDORAS Melissa Felipe Gava e Camila Feliciano Lopes estão à frente da Mediação Online, startup é acelerada pela californiana 500St...
EMPREENDEDORAS Melissa Felipe Gava e Camila Feliciano Lopes estão à frente da Mediação Online, startup é acelerada pela californiana 500Startups
No momento em que você lê este texto, há mais de 102 milhões de processos tramitando pelo poder Judiciário brasileiro. Somado a isso, existe uma estimativa de que, a cada cinco segundos que se passa, uma nova ação ingressa às varas e fóruns judiciais do país.
Entre esses números que crescem anualmente, há diferentes casos de negociação extrajurídicos entre indivíduos – como, por exemplo, casos societários, de condomínio ou de família – que poderiam ser resolvidos de um jeito muito mais rápido e simples conhecido por mediação.
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Camilla Lopes (esq.) e Melissa Gava (dir.), sócias da Mediação Online (Foto: Divulgação) |
Essa alternativa, legitimada pelo Código de Processo Civil em 2015, se baseia na interferência de uma terceira pessoa na discussão que, sem poder de decisão, ajuda as partes discordantes a chegarem a um consentimento. Pensando em como poderia facilitar e atrair mais clientes a esse método, a bacharel em direito Melissa Felipe Gava, 36, de Curitiba, adicionou o fator internet, criando, em 2014, a Mediação Online.
O princípio básico da legaltech desenvolvida por Melissa – abreviada como MOL – é utilizar métodos de solução de conflito de forma online, sem ter que ser necessário sair de casa para abrir processo judicial, comparecer à audiências ou esperar meses para ter uma solução. “A mediação, hoje, pode atuar em cerca de 45% dos processos que estão em tramitação. Quando transportada para o online, tem-se como benefício um ganho enorme de eficiência com velocidade e redução de custos”, afirma a CEO.
A motivação da fundadora nasceu em 2014, quando, após retornar de um período pela Europa, Melissa se deparou com a burocracia e sobrecarga que definem o sistema judiciário atual. “Comecei a fazer algumas pesquisas de mercado e notei que aqui se falava muito pouco em mediação online. Ao mesmo tempo, nosso país apresentava os piores números do mundo. Logo vi que era importante trazer esse serviço para o Brasil e começar a educar a sociedade brasileira.”
No mesmo ano, Melissa começou a pesquisar como poderia estruturar seu negócio e investiu cerca de R$ 600 mil na ideia. O ano de 2015 continuou sendo uma etapa de desenvolvimento, em que a plataforma foi estruturada priorizando a experiência do usuário. Finalmente, em 2016, a MOL estava completamente pronta. Nesse mesmo ano, a também bacharel em direito Camilla Feliciano Lopes, 36, de Barretos, entrou como sócia no projeto e a dupla passou a atender seus primeiros clientes.
Atualmente, o serviço da MOL – tanto para clientes físicos quanto corporativos – funciona em 5 passos. Em um primeiro momento, uma das partes (pessoa física ou uma empresa) envia seu caso, contando o processo e informado o contato do conflitante, com quem a plataforma irá tentar se comunicar. Se houver retorno da outra parte, os indivíduos ganham acesso à plataforma, assinam um termo de mediação e agendam uma data com um dos mediadores da MOL. Na quarta etapa, ocorre a mediação em si, que pode ser por videoconferência, telefonema ou chat – sempre com a presença do integrante mediador. Se houver o acordo, no quinto momento, as partes assinam o acordo digitalmente. Caso não haja uma conciliação, o mediador redige o termo negativo.
“Se houver o acordo, caso a ação já esteja na justiça ou não, nós homologamos o acordo para que ele vire um título executivo judicial e põe fim ao processo judicial”, afirma a CEO. “Outro benefício é que o pagamento do serviço é condicionado. Ou seja, quando o indivíduo ingressa na plataforma, nós informamos, sem nenhum custo, o orçamento e o prazo de quanto tempo a mediação deverá durar. A pessoa só irá pagar caso a outra parte aceite participar do serviço e após agendar as sessões. Para pessoa física, a taxa de adesão e as sessões custam R$ 250. Para as empresas, é cobrado um valor fixo”, diz Melissa.
Há cerca de 40 mediadores na plataforma – os quais recebem uma capacitação para aprender a lidar com casos extrajudiciais – que estão atendendo, no momento, casos em São Paulo e da região Sul. Hoje, as principais ações que a plataforma está resolvendo são processos de clientes corporativos.
Desde a criação do negócio até hoje, duas aceleradoras já apostaram no projeto. Em janeiro, a MOL recebeu o investimento de R$ 200 mil da brasileira Wayra e, em julho deste ano, a californiana 500 Startups está acelerando e aplicando R$ 500 mil reais no negócio.
Para o final deste ano, a previsão da plataforma é mediar cerca de 15 mil casos e faturar até R$ 1,5 milhão.
“Queremos levar para a Mediação Online para o Brasil inteiro e continuar nossa campanha de marketing digital de educar a população. Nossa missão é trazer eficiência para o mundo jurídico e popularizar a mediação, pois, usando o serviço da MOL, um caso que demoraria de 3 a 4 meses para ser agendado na justiça é resolvido em apenas 1 semana”, afirma a empreendedora.
Via: SEBRAE